domingo, janeiro 07, 2007

:: ECS-9-REVISADA



ECS 9 Letra H
(Grupo Alternativo _ Arroio do Sal)

Componentes:
Mara Braum

Márcia Guerreiro
Maria do Carmo Dewes
Stela Maris Dias

TEXTO FINAL REVISADO

TEXTOS SOBRE EDUCAÇÃO E ENSINO.
Marx e Engels. Páginas 79 a 99. Letra H

Marx e Engels nunca escreveram algo dedicado à educação e ao ensino. Isso não quer dizer que suas opiniões sejam desprezadas do ponto de vista teórico. Suas afirmações não perdem de vista a generalidade, tanto do seu pensamento quanto da circunstância histórica. Suas afirmações sobre educação e ensino servirão para eventual debate sobre um sistema de ensino distinto, capaz de vislumbrar um horizonte onde as relações de dominação tenham desaparecido. Estabelecido o capitalismo no séc. XIX como modo de produção, a educação e o ensino passam para primeiro plano. Deixando de atender as necessidades sociais e educacionais, nesse modo de produção capitalista, se faz necessário que os pensadores se unam para chamar a atenção do mundo para este ponto. Marx e Engels atacam duramente esse sistema, pois o ensino é entendido como uma qualificação da força de trabalho, possibilitando assim o ajuste e a integração dos indivíduos ao sistema dominante, criando e consolidando a alienação do indivíduo como um fato natural. Está claro que a relação entre a divisão do trabalho e a educação é uma articulação profunda que explica com clareza os processos educativos e manifesta os pontos em que se faz necessário uma transformação, permitindo assim, a emancipação social e humana. Marx e Engels demonstram conhecimento do que estão denunciando, propondo uma série de transformações a curto, médio e longo prazo. O desenvolvimento da revolução industrial e o triunfo do liberalismo transformaram o aparato escolar. A educação dominante não foi mais suficiente a partir daí. O ensino passou a depender do Estado, pois era uma necessidade social do cidadão de fato. Porém, só foi obtido pela pressão do movimento operário que reivindicava uma igualdade efetiva de todos e muito lentamente.
As opiniões de Marx e Engels não constituem um sistema pedagógico, mas estabelecem um marco e abrem vias para a construção desse sistema.


O Ensino e a Educação da classe trabalhadora

Esse texto refere-se a cartas enviadas e critica as escolas européias.
A oferta que o Estado fazia de educação aos trabalhadores era de uma educação prática. Educando-os para o trabalho em substituição do trabalho escolar, querendo com isso neutralizar as idéias religiosas que moviam a Inglaterra à época. Criticavam o ensino moral das escolas, que era mesclado com a religião, sendo essa educação moral tão ineficaz quanto à religião. E as escolas, em nada ou quase nada, contribuíam para a moralidade da classe trabalhadora.
Aqui se encaixa claramente a influência da educação brasileira nos anos 60-70, com a introdução da educação tecnicista, centrada na racionalidade, eficiência e produtividade, sustentando a reprodução do capitalismo.
O Estado inglês defendia a educação profissional universal, pois a formação intelectual influenciaria diretamente os salários!Concluíam, assim, que a burguesia não tinha os meios nem a vontade política de oferecer ao povo trabalhador uma educação verdadeira: a educação técnica era só uma aparência e a escola profissionalizante era somente um centro de reeducação. Com isso, podiam privar os pobres do acesso ao ensino superior, criando assim atritos com a classe estudantil que se organizou e protestaram energicamente, em assembléias e nas ruas. Essas manifestações culminaram com universidades fechadas, estudantes presos e/ou exilados, criação de sociedades secretas e organização de círculos administrativos oportunizando as discussões políticas e sociais.
Então, as idéias marxistas chegam até o Brasil com Paulo Freire, na década de 60. Preocupado em inserir o trabalhador numa educação que os remetesse ao mesmo tempo a uma escola que permitisse emancipação, participação e busca por uma vida melhor, mais igualitária para todos, e não somente aos burgueses dominantes, Paulo Freire introduz os Círculos de Cultura, proporcionando um encontro entre os sujeitos de saberes. Esses círculos eram espaços de aprendizagem coletiva, comprometendo o sujeito a uma mudança coletiva.

Na Inglaterra, os operários das minas de carvão reivindicavam a criação de uma lei que obrigasse o ensino para as crianças já que a maioria das crianças e dos trabalhadores adultos nas minas não sabia ler nem escrever. Aqui, lembrei de um programa para a eliminação do trabalho infantil de iniciativa da OIT (Organização Internacional do Trabalho), em que trabalhei com meus alunos da 3ª série, em 2003. Nesse material distribuído mostra a realidade do trabalho infantil produzido no Brasil e no mundo, trazendo atividades diversas e interessantes de serem trabalhadas com alunos de ensino fundamental. Foi um trabalho bem interessante de realizar! Na França, a burguesia declarava inviolável o velho e odioso sistema tributário através da lei do imposto do vinho e procurava através da lei do ensino assegurar as massas o velho estado de espírito conformista. Novo parêntese: ?espírito conformista? me lembrou que nós, profissionais da educação brasileira, quase que todos, cabemos nessa afirmativa.
Segundo Marx e Engels, a ciência deverá ser, não só acessível para todos como também ser livre de pressão governamental, forças ideológicas e prejuízos de classe e assim, os cientistas serão agentes livres de espírito. Os homens serão completos, desenvolvidos em todos os sentidos e não conhecerão apenas uma linha que é parte da produção total. Desta forma, a sociedade organizada segundo o modo comunista, dará a seus membros, oportunidade para desenvolverem tanto os seus sentidos como suas aptidões, desaparecerão então toda a diferença de classe.
Penso que seria importante que fizéssemos uma boa reflexão a partir das idéias marxistas, pois nos permitiria uma melhor idealização/realização da educação brasileira. Quem sabe nosso trabalho pedagógico sofreria um considerável aumento de qualidade e possibilidades!Questões formuladas relacionando o texto lido com a realidade de nossas escolas.


1) Até que ponto nossas escolas têm a preocupação de formar homens completos?

2) Através de nossa prática estamos assegurando aos nossos alunos o velho estado de espírito conformista ou o espírito crítico, questionador, que faz relações e constrói o seu próprio entendimento?

3) Porque nós, profissionais da educação, em todo o nosso país, não conseguimos fazer acontecer essa educação progressista idealizada e pensada por Marx, emancipadora, mais justa e democrática, conforme Paulo Freire, que permita um hoje melhor para nosso aluno, inserindo-nos numa sociedade mais justa?


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